Raquel deve voltar a negociar com a Alepe visando 2026, avaliam cientistas 683461

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O clima entre a governadora Raquel Lyra e a maioria dos deputados estaduais azedou de vez nos últimos meses

Raquel deve voltar a negociar com a Alepe visando 2026, avaliam cientistas

Raquel Lyra recebe prefeitos no Palácio do Campo das Princesas. Foto Júlio Gomes/LeiaJá

Falta pouco mais de um ano para o início da campanha eleitoral e a governadora Raquel Lyra (PSD) atravessa uma crise de governabilidade. Na metade do seu terceiro ano de mandato, a gestora viveu poucos momentos de paz com a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e, agora, tem pouco tempo para redefinir sua estratégia de reeleição.

O racha que se personifica na figura do presidente da Alepe, Álvaro Porto (PSDB), se aprofundou com a ida de Raquel ao PSD, a ascensão de Porto dentro do tucanato e o apoio do deputado ao prefeito do Recife, João Campos (PSB). De lá para cá, o clima azedou de vez e o legislativo se tornou um cabo de guerra.

Alepe travada 553927

De um lado da corda, a oposição forma maioria e cobra a destinação de emendas impositivas de 2024. Por isso, vem travando pautas importantes para o governo, como a sabatina do novo de Fernando de Noronha – que segue sem desde janeiro – e a votação do projeto da operação de empréstimo de R$ 1,5 bilhão ao estado.

Do outro lado, os governistas esvaziam o plenário para impedir outras aprovações, como a do projeto de criação de cargos no Tribunal de Contas do Estado. Nesta semana, por exemplo, professores da rede estadual se mobilizaram para cobrar a presença dos parlamentares na votação do reajuste do piso salarial e conseguiram o quórum necessário para conquistar o aumento.

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Com a Alepe praticamente travada desde maio, para o cientista político Alex Ribeiro, o ponto de atrito entre os dois lados reside na disputa pelo poder político e controle do orçamento do estado.

“Enquanto a governadora busca manter sua autoridade e capacidade de governar, a Alepe luta para consolidar sua independência nas decisões”, visualizou Ribeiro.

Esse conflito institucional pode ser mais prejudicial para Raquel, que precisa caminhar com as entregas antes da chegada dos prazos eleitorais em 2026. Além do risco de estagnação istrativa, Alex destaca que o embate com a Alepe revela certa fragilidade da comunicação política da governadora, o que pode comprometer sua imagem perante o eleitorado em seu último ano de mandato.

Na mesma linha, a cientista política Fernanda Negromonte concorda que Raquel Lyra segue uma estratégia de governabilidade de baixa flexibilidade. Na sua avaliação, a ideia da governadora é evitar transtornos em suas decisões. Assim, Raquel “parece tomar atitudes nos momentos em que já não há tanta expectativa sobre o campo em que ela está tratando”.

Dois caminhos 1s3b3l

O fato é que, enquanto perde na Alepe, Raquel se fortalece junto à Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe) e vem atraindo prefeitos ao seu novo partido. Na caminhada até 2026 restam dois caminhos: pacificar a relação com os membros do legislativo ou seguir distante e tentar capitalizar esse ime.

Para reverter a perda de popularidade com o travamento de pautas na Alepe, a tendência é que a governadora e a ser mais flexível para equilibrar suas forças até a disputa eleitoral.

Segundo Alex Ribeiro, Raquel deve encarar o desafio de reduzir o descontentamento na Alepe. O cálculo é simples, deputados estaduais tem mais capilaridade de votos, por isso, seu apoio tem um peso eleitoral maior que o de prefeitos.

“Apostar no aumento da base do PSD pode trazer bons frutos. O questionamento principal é se a governadora conseguirá se fazer presente, sobrepondo a imagem dos Campos, nos municípios de todos os aliados, com pouquíssimo tempo para a corrida eleitoral. Com isso, Raquel tende a negociar novamente com os deputados, para não fazer feio até a pré-campanha”, acrescentou Fernanda Negromonte.

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